Nem sempre
damos o devido valor aos jornais, às reportagens do dia a dia. Lemos e
esquecemos. Muitas vezes não nos ocorre que uma reportagem, como relato
presencial dos fatos, possa ser fonte de pesquisa histórica. Importantes
acontecimentos registrados por jornais
ou revistas podem documentar determinados aspectos de uma época, o que nem sempre aparece em outras fontes. Em
consequência disso, o Arquivo Histórico de Porto Alegre, a exemplo
de outras instituições arquivísticas, tem recebido muitos pesquisadores
que utilizam jornais como fonte preferencial
No entanto, o suporte jornal é mais perecível, o que dificulta a
conservação, problema que pode ser resolvido,em parte,pela digitalização das
hemerotecas(coleções de periódicos).Outra solução, parcial, mas duradoura, é
publicar em livro antologias de reportagens historicamente relevantes. Alguns
jornalistas do extinto Coojornal selecionaram 33 reportagens
realizadas durante a ditadura para o livro cooJORNAL- um jornal
de jornalistas sob o regime militar. Não se pode negar a
importância da memória oral (individual e coletiva)mas a escrita
transcende a nossa existência finita.
Alguém se lembra do caso dos pés cortados?Nos anos 60, um caso de prisão e
tortura de presos comuns foi registrado em reportagens, cujas denúncias
resultaram em investigação e punição dos “justiceiros”.Na esfera internacional,
o destaque era
a Guerra no Vietnã. Nos
anos 70,o sequestro do Cônsul brasileiro no Uruguai pelos tupamaros,
nos 80, os brasiguaios e o caso Julio Cesar, o homem errado,executado
pela polícia,ganharam destaque nas reportagens. Nos anos 90, a prostituição
infantil, a corrupção no governo Collor,os meninos que moravam em bueiros,o
motim no presídio de Charqueadas, o
escândalo da Febem e o massacre do Carandiru
são alguns
destaques da década. Em 2005, se noticiava uma grande seca no Rio Grande do Sul
e o furacão Katrina nos Estados Unidos. Em 2008, o crack já
era considerado epidemia. E assim, o texto jornalístico conta um pouco da história
dos indivíduos e da sociedade, desde os fatos locais até os internacionais. Estes
relatos estão no livro 45 reportagens que fizeram história,doado
para a biblioteca do AHPAMV,da RBS Publicações,com edição de Itamar Melo,Moisés
Mendes e Nilson Mariano.
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