O livro
Escritas íntimas, tempo e lugares
de memória: a documentação pessoal como fonte para a História é resultado de pesquisa acadêmica sobre as fontes documentais de cunho pessoal
que, no entanto, apresentam
características históricas, refletindo o contexto social de uma época.
As crônicas de
Machado de Assis, por exemplo, analisadas em artigo de Cláudia Quinto, situadas
entre os séculos XIX e XX, descrevem indivíduos, figuras públicas, costumes,
retêm o tempo pela memória da época, transcendem o literário.
No artigo de
Júlia Silveira Matos, a autora analisa a
correspondência de Sérgio Buarque de
Holanda com Mario de Andrade e outros escritores, sobre a publicação e organização da revista Klaxon,
principal veículo modernista. Através dessas cartas, podem ser estudadas
as características da revista,
do Modernismo e, consequentemente,do
contexto histórico. É um exemplo de documentação pessoal que se torna fonte de
pesquisa. No artigo de Anna Clara Claumann Boose sobre Mario Quintana, a autora também
enfatiza a importância da correspondência como
fonte documental.
Outros artigos
analisam biografias, diários íntimos e demais
documentos que se tornam parte da
memória coletiva. Da mesma forma que as fontes históricas ortodoxas, os documentos
pessoais são construídos, não nascem espontaneamente. Afirma
Pierre Nora: “...os
lugares de memória nascem e vivem do sentimento que não há memória
espontânea,que é preciso criar arquivos.” E esses arquivos criados pelas
cartas, pelos diários, pelas biografias,pelos textos literários são históricos,servem à pesquisa, à constituição
de identidades e à reconstituição de épocas.
Esta obra, fruto de trabalho acadêmico coletivo da PUCRS,
foi doada para o Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés
Vellinho e já se encontra disponível para pesquisa.
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