31 de mar. de 2020


Epidemias no Arquivo Histórico


ENQUANTO O VÍRUS CIRCULA, circule pela história de sua cidade: 
Porto Alegre e a saúde de seus habitantes.

Gripe Espanhola

Márcio Silveira



Presenciamos um momento de forte estresse social. Distanciados de nossas rotinas diárias e da convivência com outras pessoas, percebemos o impacto que uma pandemia (e suas medidas de contenção) tem sobre nossas vidas, sobretudo, da celeridade que momentos como este se consolidam.

A humanidade é testemunha de numerosas epidemias ao longo da história, e o AHPAMV, respeitando o ofício de compartilhar as fontes desta história com a comunidade, traz nesta edição um dos momentos mais preocupantes que nossa cidade vivenciou, a Gripe Espanhola.O surto chega ao Brasil em setembro de 1918 através do Rio de Janeiro. No início de outubro são relatados os primeiros casos em São Paulo e pouco tempo depois sua propagação atinge todas as regiões do país.

A primeira menção da imprensa do Rio Grande do Sul, datada de outubro de 1918, noticiava a chegada do influenza ao estado através do porto do Rio Grande (A FEDERAÇÃO, 1918, p.1). Nossas fontes relatam a ampla comoção social que beirava o desespero e a desorganização dos serviços públicos e privados, bem como o desabastecimento de itens de primeira necessidade.


Quinze dias após sua chegada, a Influenza Espanhola cobriu nossa cidade com um manto fúnebre, como cita o Jornal Independente de 1º de novembro:


A cidade tem, durante o dia, um aspecto doloroso e à noite este aumenta, tornando-se fúnebre [...], as casas de diversões fechadas, os cafés, os bares, tudo escuro, dando à capital a forma de uma cidade morta, sem vida [...], raro é o transeunte que anda [...], o êxodo das famílias já é notável, apresentando o centro da capital desolador aspecto. (O INDEPENDENTE, 1918, p. 2)

A Gripe Espanhola, que recebeu esse nome por acreditarmos erroneamente que a Espanha tenha sido o local com maior número de baixas, deixou como herança um número superior ao de trinta mil gaúchos mortos e incontáveis enfermos apenas no Rio Grande do Sul, conforme a historiadora Janete Abrão.
O obituário no Rio Grande do Sul atingiu a cifra de 30.219 óbitos (...). Nos três últimos meses de 1918, faleceram ao todo 12.811 pessoas, sendo 2.142 no primeiro, 6.430 no segundo e 4.239 no último mês. No município de Porto Alegre, faleceram 5.840 indivíduos. A zona urbana da cidade foi a mais atingida, com 4.292 óbitos. Cabe lembrar que a população do município, naquela época, era de 192 mil habitantes. (ABRÃO, 1998, p. 127).

Postos para atender os enfermos foram criados, vimos escolas, quartéis e espaços de convívio social tornando-se hospitais temporários unindo a comunidade sob um mesmo objetivo. Apenas em meados de dezembro, Porto Alegre começou a perceber o declínio da Gripe Espanhola. Os espaços de lazer, o comércio e o footing da Rua da Praia voltam a ser realizados, porém, a marca de dias sombrios e com rotinas rígidas, ditadas pela enfermidade, mantém-se latente na memória coletiva da cidade, não à toa nossa tendência periódica de evocar essas memórias, como as edições do jornal CORREIO DO POVO de 1979 e do Zero Hora de 1999 .




Ambos jornais relembram o forte impacto que a enfermidade causou sobre as vidas dos gaúchos. Retomam os altos números de mortos deixados no Brasil e no Rio Grande do Sul e a velocidade com que a doença se propagou.
O artigo de Sérgio Dillenburg traça um breve histórico da Gripe Espanhola no território gaúcho dando ênfase ao caos social, a especulação sobre produtos de primeira necessidade e, principalmente, a censura policial à imprensa em resposta às críticas que as autoridades sanitárias do governo borgista sofreu.





A coluna “Cem fatos que marcaram o Rio Grande”, reforça o clima de guerra em que a cidade vivia e as mudanças na rotina de Porto Alegre, como a suspensão das aulas  e o esvaziamento dos espaços de lazer e de convívio público. Ao nos debruçarmos diante desta breve seleção de documentos percebemos que o tamanho do dano que sofremos está diretamente associado a impotência das autoridades sanitárias de 1918.
Por mais triste e doloroso, momentos como este reforçam a necessidade de, enquanto comunidade, incentivarmos o investimento nas áreas de saúde pública e de pesquisa protegendo as ferramentas que nos tornam menos vulneráveis nestas ocasiões.



BIBLIOGRAFIA
ABRÂO,Janete Silveira. Banalização da morte na cidade calada: a Hespanhola em Porto Alegre,1918.Porto Alegre:EDIPUCRS,2009.
A FEDERAÇÃO. A “influenza hespanhola” e sua tournée pelo mundo. Porto Alegre, 16 de outubro de 1918.
O INDEPENDENTE. A Influenza Hespanhola. Porto Alegre, 30 de outubro de 1918.
CORREIO DO POVO. Uma guerra sanitária contra um inimigo invisível. Porto Alegre, 27 de julho de 1979.
ZERO HORA. Gripe Espanhola apavora gaúchos. Porto Alegre, 2 de outubro de 1999.

Porto Alegre, Março 2020.

26 de mar. de 2020

Aniversário de Porto Alegre

248 anos


   Em comemoração ao aniversário da cidade de Porto Alegre, estaremos presenteando os pesquisadores com uma série de vídeos com entrevistas de ícones da história portalegrense: primeiro vídeo vai ser com o historiador Sérgio da Costa Franco falando sobre as possibilidades de pesquisa histórica sobre a cidade de Porto Alegre: seus acervos, as características das fontes históricas documentais e quais histórias elas contam e quais deixam de contar.

Sérgio da Costa Franco 
(Jaguarão, 12 de junho de 1928) é um historiador,advogado e jornalista brasileiro. 

   Filho do juiz Álvaro da Costa Franco e de Gilda Werneck da Costa Franco, ainda na infância mudou-se para Porto Alegre, onde concluiu o curso secundário em 1945, no Colégio Anchieta. Formou-se em Geografia e História pela UFRGS em 1948 e em seguida em Direito, pela mesma universidade, em 1954. 

   Foi professor de ensino médio de 1947 a 1968, e chefe de comunicação regional do IBGE entre 1949 e 1952. Neste ano fez concurso para o Banco do Brasil, onde trabalhou como escriturário até 1957. A partir daí fez carreira no Ministério Público do Rio Grande do Sul. Foi Promotor de justiça nas cidades gaúchas de Encantado, Quaraí, Soledade, Erechim e Porto Alegre, promovido a Procurador de Justiça em 1976 e aposentado em setembro de 1977. 

   Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, foi seu presidente de 1996 a 1998. Também é membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. 

   Jornalista desde 1949, publicou crônicas e textos históricos em diversos jornais. Autor de diversos livros, alguns reunindo crônicas, mas a maior parte dedicados à pesquisa histórica, principalmente à memória de Porto Alegre.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9rgio_da_Costa_Franco


Atenciosamente,

Equipe AHPAMV

24 de mar. de 2020


Se contagie com Cultura e não com o covid-19


Por de trás daquele muro tem um Arquivo:

Visite virtualmente o Arquivo Histórico Porto Alegre Moysés Vellinho.




18 de mar. de 2020


 ATENDIMENTO PRESENCIAL CANCELADO

INFORMAÇÕES E SOLICITAÇÕES: (51) 3289.8282 (horário comercial)


Visite nossas páginas: http://ahpoa.blogspot.com/
https://www.facebook.com/arquivohistoricopoa/ 




DECRETO Nº 20.504, DE 17 DE MARÇO DE 2020.

Estabelece medidas complementares de prevenção contágio pelo novo Coronavírus (COVID-19).

O PREFEITO MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 94, incisos II e IV da Lei Orgânica do Município,

Considerando a Lei Federal nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020;
Considerando o Decreto Municipal nº 20.500, de 16 de março de 2020;

D E C R E T A:

Seção I
Do atendimento ao público

Art. 8º Ficam suspensas as atividades de atendimento presencial dos serviços, resguardada a manutenção integral dos serviços essenciais.

§ 1º Os referidos atendimentos deverão ser realizados, preferencialmente, por meio eletrônico, ou telefone, quando couber, podendo, excepcionalmente, se realizar através de agendamento individual em caso de necessidade.

Seção V
Disposições Finais

Art. 13. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação, com prazo de vigência por 30 (trinta) dias.

PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE, 17 de março de 2020.

Nelson Marchezan Júnior,
 Prefeito de Porto Alegre.




 

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