Os gigantescos espetáculos circenses que até hoje estão presentes na cidade de Porto Alegre, trazendo alegria e diversão
a uma grande parcela de pessoas, como o Circo Tihany, tiveram precursores no
século XIX. O Circo Universal, construído para grandes produções e
apresentações, foi um deles.
Em 1875, na Praça Conde D’Eu, o Circo
Universal surgia sob a direção de Albano Pereira. A boa qualidade dos artistas
e de suas apresentações logo caiu na graça do povo. Figuras carismáticas como
Mme. Pereira e o mexicano Teodolo Ceballos agradavam o público, que naquele
mesmo ano totalizava mais de 2.000 pessoas. O grande sucesso do espetáculo fez
com que, no fim da temporada, Albano desmontasse o toldo mesquinho e
trabalhasse para construir um grande circo. Depois de quatro meses, o
construtor Manoel Afonso Rios apresentava aos cidadãos, no mesmo local, um
pavilhão enorme - o Circo possuía 32 metros de circunferência e dois salões de entrada.
A inauguração das novas instalações, em
13 de agosto desse mesmo ano, repercutiu pela imprensa como um acontecimento de
destaque pelo fato de não existir em toda a América um Circo-teatro que tivesse
as mesmas proporções que o Circo Universal. Albano, elogiado pela crítica,
agradecia aos habitantes de Porto Alegre por receberem todos os artistas de
braços abertos e dizia que a melhor forma de retribuir essa acolhida seria
oferecer um circo com todas as comodidades necessárias. O seu proprietário
fazia o possível para manter a Companhia à altura das expectativas criadas, com
apresentações de destaque como as pantomimas O Baile de Máscaras, O Contrabandista, Morto Vivo, entre outras.
Até
o fim de setembro o empreendimento ia muito bem, mas, com o passar do tempo, as
peças deixaram de interessar o público, que já começava a desaparecer. O Circo
Universal, que tanto tinha feito para agradar sua platéia, perdia a clientela. No
mês de outubro, os visitantes, já em pequeno número, protestavam contra o
artista Nelson, pois boatos referentes aos maus tratos causados por ele a um
menino haviam se espalhado. A polícia acabou invadindo o local e, avançando
sobre cadeiras e galerias, acabou provocando a saída dos espectadores.
Essa ação policial não ajudou a melhorar
a fama do circo, que então passava por maus momentos. O número de artistas foi
diminuindo, e a cidade acabou perdendo um local de diversão. O Circo Universal
acabou desgostando àqueles mesmos que o fizeram surgir. Os moradores da Praça
Conde D’Eu chegaram a fazer um abaixo-assinado (registrado em Ata da Câmara de
6 de abril de 1878) em que pediam a retirada do circo.
No mesmo documento, registrava-se a
solicitação por parte de Albano Pereira de um prazo maior para a demolição do
circo.
As instalações do Circo Universal foram finalmente
demolidas em dezembro de 1878, deixando em Porto Alegre apenas as divertidas lembranças que seus grandes
personagens proporcionaram.
(Ata da Câmara Municipal do dia 6 de abril de 1878)
Referências:
DAMASCENO, Athos. Palco, salão e picadeiro em Porto
Alegre no século
XIX. Rio de Janeiro: Editora Globo, 1956.
Porto Alegre. Prefeitura
Municipal. Secretaria Municipal da Cultura.
Catálogo das atas da Câmara de
Vereadores de Porto Alegre; 1876 – 1885. Porto Alegre: Unidade Editorial da
Secretaria Municipal da Cultura, 2004.
Fotos retiradas do blog de
Ronaldo Marcos Bastos: http://ronaldofotografia.blogspot.com.br/2011/05/praca-xv-de-novembro.html
Livro de Atas da Câmara Municipal (1877-1883) – Ata de 6 de abril
de 1878 - Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho.
DA COSTA FRANCO, Sérgio. Porto Alegre ano a ano: cronologia
histórica: 1732 - 1950. Porto Alegre: Editora Letra&Vida,2012.
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