16 de out. de 2015

Circo Universal (1875-1878)



           
Os gigantescos espetáculos circenses que até hoje estão presentes na cidade de Porto Alegre, trazendo alegria e diversão a uma grande parcela de pessoas, como o Circo Tihany, tiveram precursores no século XIX. O Circo Universal, construído para grandes produções e apresentações, foi um deles.
Em 1875, na Praça Conde D’Eu, o Circo Universal surgia sob a direção de Albano Pereira. A boa qualidade dos artistas e de suas apresentações logo caiu na graça do povo. Figuras carismáticas como Mme. Pereira e o mexicano Teodolo Ceballos agradavam o público, que naquele mesmo ano totalizava mais de 2.000 pessoas. O grande sucesso do espetáculo fez com que, no fim da temporada, Albano desmontasse o toldo mesquinho e trabalhasse para construir um grande circo. Depois de quatro meses, o construtor Manoel Afonso Rios apresentava aos cidadãos, no mesmo local, um pavilhão enorme - o Circo possuía 32 metros de circunferência e dois salões de entrada.




A inauguração das novas instalações, em 13 de agosto desse mesmo ano, repercutiu pela imprensa como um acontecimento de destaque pelo fato de não existir em toda a América um Circo-teatro que tivesse as mesmas proporções que o Circo Universal. Albano, elogiado pela crítica, agradecia aos habitantes de Porto Alegre por receberem todos os artistas de braços abertos e dizia que a melhor forma de retribuir essa acolhida seria oferecer um circo com todas as comodidades necessárias. O seu proprietário fazia o possível para manter a Companhia à altura das expectativas criadas, com apresentações de destaque como as pantomimas O Baile de Máscaras, O Contrabandista, Morto Vivo, entre outras.
            Até o fim de setembro o empreendimento ia muito bem, mas, com o passar do tempo, as peças deixaram de interessar o público, que já começava a desaparecer. O Circo Universal, que tanto tinha feito para agradar sua platéia, perdia a clientela. No mês de outubro, os visitantes, já em pequeno número, protestavam contra o artista Nelson, pois boatos referentes aos maus tratos causados por ele a um menino haviam se espalhado. A polícia acabou invadindo o local e, avançando sobre cadeiras e galerias, acabou provocando a saída dos espectadores.  
Essa ação policial não ajudou a melhorar a fama do circo, que então passava por maus momentos. O número de artistas foi diminuindo, e a cidade acabou perdendo um local de diversão. O Circo Universal acabou desgostando àqueles mesmos que o fizeram surgir. Os moradores da Praça Conde D’Eu chegaram a fazer um abaixo-assinado (registrado em Ata da Câmara de 6 de abril de 1878) em que pediam a retirada do circo.







No mesmo documento, registrava-se a solicitação por parte de Albano Pereira de um prazo maior para a  demolição do circo.

 



As instalações do Circo Universal foram finalmente demolidas em dezembro de 1878, deixando em Porto Alegre apenas as divertidas lembranças que seus grandes personagens proporcionaram.

(Ata da Câmara Municipal do dia 6 de abril de 1878)



Referências:

DAMASCENO, Athos. Palco, salão e picadeiro em Porto Alegre no século XIX. Rio de Janeiro: Editora Globo, 1956.

Porto Alegre. Prefeitura Municipal. Secretaria Municipal da Cultura. Catálogo das atas da Câmara de Vereadores de Porto Alegre; 1876 – 1885. Porto Alegre: Unidade Editorial da Secretaria Municipal da Cultura, 2004.

Fotos retiradas do blog de Ronaldo Marcos Bastos: http://ronaldofotografia.blogspot.com.br/2011/05/praca-xv-de-novembro.html

Livro de Atas da Câmara Municipal (1877-1883) – Ata de 6 de abril de 1878 - Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho.

DA COSTA FRANCO, Sérgio. Porto Alegre ano a ano: cronologia histórica: 1732 - 1950. Porto Alegre: Editora Letra&Vida,2012.


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