As
Instituições de Saúde Porto-Alegrenses: sua História e realidade
Santa Casa de Misericórdia
Fernanda Sayão Lobato Teixeira
A Santa Casa de
Misericórdia, ou conhecida inicialmente como Hospital da Caridade de Porto Alegre, é o hospital mais antigo do Rio
Grande do Sul e está diretamente interligada com o início da história da
capital.
Porto Alegre teve sua
fundação em 1772, no período em que os dois países ibéricos disputavam domínio
das terras brasileiras. Muitos foram os acordos firmados para resolver esse
impasse, até que em 1801, o estado gaúcho se tornou domínio do império
português.
Como não havia
hospitais neste período e os enfermos eram atendidos a domicílio e em
albergues, o príncipe regente Dom João VI permitiu que o Irmão Joaquim
Francisco do Livramento – que era conhecido por percorrer as vilas coloniais e
fundar instituições de saúde aos necessitados, como a Santa Casa de
Misericórdia do Desterro, em Santa Catarina – criasse uma instituição
semelhante em Porto Alegre também. Em
1903, iniciara a construção da primeira Santa Casa na capital. Recebeu o status
de Misericórdia em 1814, recebendo rendimentos que seriam entregues para
aplicar na construção.
As primeiras salas de
enfermaria e a capela Senhor dos Passos, foram inauguradas em janeiro de 1826,
neste período o administrador era o próprio presidente da Província, o Visconde
de São Leopoldo, que vinha fazendo um grande trabalho no desenvolvimento da
instituição.
Conforme o Compromisso
da Misericórdia de Lisboa (conjunto de regulamentos de administração das Santas
Casas de Misericórdia, aprovada pelo rei D. Manuel I), a instituição tinha como
objetivo acolher crianças abandonadas, cuidar dos doentes, amparar os mais
velhos que não tinham onde se asilar, enterrar os mortos, combater epidemias e
tratar dos mais pobres e escravos que procuravam a instituição para curar das
diversas enfermidades. Além disto, a Santa Casa socorreu militares feridos na
Guerra Civil Farroupilha e a Guerra do Paraguai.
A instituição se viu
diante de várias doenças epidêmicas, como a febre amarela e a cólera abrigando
diversos doentes. Diante disto, foi preciso reforçar os cuidados sanitários e
criar a sua própria farmácia.
Hospital Santa Casa de
Misericórdia no século XX.
O cenário do
desenvolvimento científico da medicina no estado, tomou forma a partir do início
do século XX, com a fundação da primeira faculdade de Medicina do Rio Grande do
Sul em 1898. Isso trouxe uma imagem de transformação nas condições de exercício
e ensino da área médica, representando uma grande expansão da ciência daquela
pequena instituição. Outro projeto foi idealização da Fundação Faculdade
Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre, conhecida atualmente como a
Faculdade de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
Diante dessa enorme
transformação que a Santa Casa vinha tendo com o passar do tempo, a instituição
resolveu criar um amplo complexo de hospitais com suas determinadas
especialidades. São elas: o Hospital São Francisco (1930 — destinada para
atendimento aos pacientes privados, com o objetivo de melhor cumprir a missão
da Misericórdia), o Pavilhão Daltro Filho (1940 — destinada para a Maternidade
Mário Totta e enfermarias e consultórios), o Hospital São José (1946 — destinada
para a neurocirurgia), o Pavilhão São Lucas (1948 — destinada para a hematologia),
o Pavilhão Cristo Redentor (1948 — destinada para enfermarias e serviços), o Hospital
da Criança Santo Antônio (1953 — destinada para a pediatria), o Pavilhão
Pereira Filho (1965 — destinada para a pneumologia), o Hospital Santa Rita
(1967 — destinada para a oncologia) e o Hospital Dom Vicente Scherer (2001 — destinada para transplantes).
No século atual, a
instituição gaúcha é conhecida por ser a pioneira no país por realizar
transplantes de rim e pâncreas, transformando a Santa Casa em um dos maiores
centros de transplante de órgãos da America Latina. Além disso, com o advento
da tecnologia, foi a principal ferramenta na contribuição no crescimento da
ciência que a instituição dispõe, a qualificação dos profissionais e a
dedicação dos mesmos.
Apesar dos tempos de
crise que a instituição passara dentro desses 516 anos de existência, a Santa
Casa de Misericórdia sempre deu o seu melhor pautado pela ética, moral,
humanismo, equidade e credibilidade, com o intuito de difundir sua história e
além claro, empreender, inovar através do desenvolvimento, do ensino e da
pesquisa em prol da vida dos porto-alegrenses.
Referências
BARROSO, Vera Lúcia Maciel. CENÁRIOS
DOCUMENTAIS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE PORTO ALEGRE: FONTES DE PESQUISA
PARA A HISTÓRIA DA CIDADE E DO RIO GRANDE DO SUL. XXVII Simpósio Nacional de
História – Conhecimento histórico e dialogo Social – ANPUH. Jul. de 2013.
Disponível em: http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1364261246_ARQUIVO_TEXTOARQUIVOSANTACASAPORTOALEGREVERABARROSOsemresumo.pdf
CENTRO HISTÓRICO DA SANTA CASA.
História. Disponível em: https://www.santacasa.org.br/pagina/sobre-a-santa-casa
SANTA CASA DE MISERICÓRDIA. Sobre
a Santa Casa. Disponível em: https://www.chcsantacasa.org.br/chc-santa-casa/historia/
STREB, Luís Guilherme. Santa Casa
de Misericórdia, Hospício São Pedro e Loucura: Notas sobre os primórdios da
Psiquiatria em Porto Alegre. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul. Vol.
29 no. 1, Porto Alegre Jan./Abr. de 2007.
Wikipédia. Santa Casa de Misericórdia de
Porto Alegre. Disponível
em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Santa_Casa_de_Miseric%C3%B3rdia_de_Porto_Alegre
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