Nas
postagens anteriores,abordamos os fatores externos que influenciam na
degradação do papel, tais como os agentes biológicos (traça, cupim, broca) e os
agentes ambientais (temperatura, umidade, poluentes). Hoje apresentaremos os
fatores internos, que são os males inerentes à própria estrutura do papel e ao
seu processo de fabricação. Portanto, essa causa diz respeito à composição, aos
tipos de colagem, aos tipos de fibras, aos resíduos químicos; e ainda, quando
falamos nos agentes internos, lembramo-nos principalmente do problema da acidez1 e alcalinidade2.
Saiba mais:
- Tipo de fibra que compõe o papel: os de trapos de
algodão e linho são os de maior
durabilidade. A fibra da madeira, quando não sofre o processo necessário
para eliminação da lignina3, torna o papel de baixa qualidade em cor, textura e
resistência, ou seja, torna-se quebradiço e com um aspecto amarelado. A maioria dos papéis produzidos hoje é com fibra de madeira.
durabilidade. A fibra da madeira, quando não sofre o processo necessário
para eliminação da lignina3, torna o papel de baixa qualidade em cor, textura e
resistência, ou seja, torna-se quebradiço e com um aspecto amarelado. A maioria dos papéis produzidos hoje é com fibra de madeira.
- Encolagem: é o processo sofrido pelo papel após o
seu processo de fabricação, quando lhe é aplicada uma substância que tem como
finalidade fixar a tinta de escrever e de impressão. O uso desta cola evita que
a tinta se
espalhe por todo o papel, fixando-a sem borrões. Se o papel não receber essa
cola, ele absorverá a tinta como um mata-borrão4. Quando os produtos químicos não são eliminados totalmente, provocam reações químicas ácidas, originando a degradação do papel.
espalhe por todo o papel, fixando-a sem borrões. Se o papel não receber essa
cola, ele absorverá a tinta como um mata-borrão4. Quando os produtos químicos não são eliminados totalmente, provocam reações químicas ácidas, originando a degradação do papel.
O papel é composto basicamente de fibra de celulose e
aditivos sendo que estes contribuem para obtenção de papéis mais lisos, homogêneos,
com melhor acabamento e mais aptos à impressão. Esses aditivos poderão reagir
entre si, formando ácidos que destroem o papel. Outro fator de deterioração
intrínseca nos papéis é o uso de fibras não purificadas, isto é, das quais não
se removeu a lignina,que afeta a resistência do papel envelhecendo-o
rápido, desencadeando um acelerado processo ácido. O papel ácido apresenta-se
geralmente duro e frágil e em geral escurecido.
Figura 1 –
Acidez no papel
No passado, foi muito utilizada a tinta ferrogálica5 que é composta de sulfato de ferro, ácido
galotânico (tanino)6 e um aglutinante para fixar a tinta no papel
(geralmente a goma arábica dissolvida em água). Os principais riscos decorrentes
do uso dessa tinta são: corrosão do documento, rompimento do suporte nas áreas
contendo a tinta, migração da tinta para o verso, esmaecimento da tinta, perda
de material e informação e papel quebradiço.
Figura 2 – Documento escrito com tinta ferrogálica
A acidez, portanto, também pode ser considerada uma causa da degradação interna do papel. Conforme já mencionado, ela pode ser proveniente da própria fabricação do papel ou também de fatores externos. Quanto à fabricação, os fatores mais frequentes da acidez são: uso de colas ácidas, retirada incompleta da lignina, uso de água acidulada7 pela presença de metais como ferro e para papéis coloridos devido ao emprego de tintas ácidas.
Assim como a acidez, outra causa
interna da degradação do papel é a alcalinidade. O excesso de alcalinidade não
é muito frequente e,quando presente, normalmente se deve a algum acidente ou
tratamento anterior utilizado indevidamente. Produtos utilizados para a
eliminação da lignina existente na madeira (soda cáustica) e derivados do
cloro, produtos utilizados para clareamento, quando não são bem eliminados,
continuam agindo sobre o papel, deixando-o constantemente úmido.
Glossário:
1 e 2 - Acidez e Alcalinidade:
valor do pH diz respeito ao grau de
concentração de íons de hidrogênio num suporte, sendo expresso numa escala
logarítimica de 0 (zero) a 14 (quatorze), sendo 7 (sete) o ponto neutro. Os
valores acima de 7 (sete) caracterizam o estado alcalino e os inferiores, a
acidez. Sua medição se faz com um aparelho chamado pHmetro (peagâmetro).
3 Lignina: é encontrada nas plantas terrestres, associado à
parede celular vegetal, cuja função é de conferir rigidez, impermeabilidade e
resistência a ataques microbiológicos e mecânicos aos tecidos vegetais.
4 Mata-borrão:
é um papel que se caracteriza por
seu grande poder de absorção. Muito utilizado em procedimentos de conservação e
restauro, servindo de planificação e secagem de documentos.
5 Tinta ferrogálica:
é uma das tintas mais importantes da
história do ocidente, conhecida pelos romanos e utilizada desde a Alta Idade
Média (século XII). É uma tinta difícil de apagar. Essa tinta em contato com a
luz e o oxigênio se torna corrosiva e ataca o suporte papel, pergaminho, entre
outros.
6 Ácido
galotânico: é um tanino extraído da
noz de galha, formado no carvalho (árvore).
7 Acidulada: é a mistura da água com algum tipo de substância
ácida.
Fonte:
Disponível em: http://panucarmi2.wikidot.com/factores-internos-de-degradacao
. Acesso em 08 maio 2013.
Disponível em: http://infolioartedolivro.blogspot.com.br/2012/08/tintas-ferrogalicas.html
. Acesso em 09 maio 2013.
Kurtz, C. M. S.; Abreu, V. B. L. Curso de Conservação de Documentos. Associação dos Arquivistas do
Estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2003.
Arquivo
Nacional. Dicionário Brasileiro de Terminologia
Arquivística. Rio
de Janeiro, 2005.
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